28/02/2011 03h31 - Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil
Daqui a alguns anos, é provável que pouca gente ainda se lembre de que o vencedor do Oscar 2011 foi uma produção independente britânica, relativamente modesta em suas intenções, mas simpática, bem-humorada e muito feliz na conquista dos eleitores da Academia de Hollywood em um ano discreto, sem candidatos a se tornarem clássicos. O rato que ruge.
Para a história, tenderá a ficar a impressão equivocada de que os quatro prêmios nobres concedidos a "O Discurso do Rei" -- melhor filme, direção (Tom Hooper), ator (Colin Firth) e roteiro original (David Seidler) -- consagraram uma superprodução norte-americana concebida desde o início para acumular estatuetas.
Não havia nenhum filme exatamente com esse perfil, o de "feito para o Oscar", na disputa deste ano. "A Origem", que também recebeu quatro prêmios (fotografia, efeitos visuais, mixagem de som e edição de som), talvez fosse o mais próximo da ideia de superespetáculo hollywoodiano, com um orçamento elevado (US$ 160 milhões, contra US$ 15 milhões de "O Discurso") e bilheteria generosa (US$ 292 milhões).
E havia "A Rede Social", que parecia o "filme do ano" ao acumular prêmios da crítica nos Estados Unidos no fim de 2010, mas que saiu da festa do Oscar com apenas três estatuetas (roteiro adaptado, trilha sonora e montagem) -- uma bagagem proporcional ao seu tamanho "quase-independente", com orçamento de US$ 40 milhões (inferior ao valor médio de uma produção industrial nos EUA).
Das 18 categorias disputadas por longas-metragens de ficção falados em inglês, esses três filmes foram vencedores em 11. Os prêmios restantes sobraram para "Alice no País das Maravilhas" (direção de arte e figurino), "O Vencedor" (ator e atriz coadjuvantes), "Cisne Negro" (atriz), "O Lobisomem" (maquiagem) e "Toy Story 3" (que, além de canção, ganhou também a "sua"categoria, de longa de animação).
Dos 10 candidatos a melhor filme, quatro passaram em branco. O pior desempenho foi o de "Bravura Indômita", com 10 indicações. Nos outros três casos -- "127 Horas" (seis indicações), "Minhas Mães e Meu Pai" (quatro) e "Inverno da Alma" (quatro) --, já se previa que as chances de premiação eram muito pequenas.
Na 60a. vez em que a cerimônia de premiação foi transmitida ao vivo pela TV, notou-se o esforço da Academia para atrair o público jovem (Anne Hathaway e James Franco puxaram a fila, como apresentadores, mas houve diversas outras participações de astros em ascensão) e para condensar o programa, reduzindo o número de piadas e a duração média dos discursos.
No fim da cerimônia, a apresentação de um coral de estudantes de uma escola pública de Staten Island (Nova York) e a reunião no palco de todos os vencedores representaram as modestas novidades de um espetáculo que, entra ano, sai ano, não consegue escapar de sua identidade. E quem disse que o seu público cativo deseja que escape?
Confira a lista completa de vencedores do Oscar 2011:
Melhor Filme
O Discurso do Rei
Melhor Diretor
Tom Hooper (O Discurso do Rei)
Melhor Ator
Colin Firth (O Discurso do Rei)
Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale (O Vencedor)
Melhor Atriz
Natalie Portman (Cisne Negro)
Melhor Atriz Coadjuvante
Melissa Leo (O Vencedor)
Melhor Roteiro Adaptado
A Rede Social (Aaron Sorkin)
Melhor Roteiro Original
O Discurso do Rei (David Seidler)
Melhor Animação Longa-Metragem
Toy Story 3
Melhor Animação Curta-Metragem
The Lost Thing
Melhor Filme Estrangeiro
Em Um Mundo Melhor (Dinamarca)
Melhor Documentário Longa-Metragem
Trabalho Interno
Melhor Documentário Curta-Metragem
Strangers No More
Melhor Curta-Metragem
God of Love
Melhor Direção de Arte
Alice no País das Maravilhas
Melhor Fotografia
A Origem
Melhor Figurino
Alice no País das Maravilhas
Melhor Montagem
A Rede Social
Melhor Trilha Sonora Original
A Rede Social
Melhor Canção Original
We Belong Together (Toy Story 3)
Melhor Edição de Som
A Origem
Melhor Efeitos Sonoros
A Origem
Melhores Efeitos Visuais
A Origem
Melhor Maquiagem
O Lobisomem
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