quinta-feira, 30 de junho de 2011

Discriminação Racial: Justiça Condena Médico por Injúria Racial em Sertãozinho

O TJ (Tribunal de Justiça) do Estado condenou o nutrólogo José Alves Lara Neto a pagar R$ 60 mil de indenização por danos morais à técnica de enfermagem Clotilde de Jesus Carvalho Miranda, que o acusou de injúria racial, em Sertãozinho.
Os desembargadores do TJ afirmaram na decisão que o médico proferiu ofensa de natureza hedionda e merece punição porque ofendeu de forma racista a técnica de enfermagem. O caso foi em março de 2003 e, na época, os dois profissionais trabalhavam no prédio da Santa Casa de Sertãozinho. O valor foi determinado em fevereiro deste ano e o médico recorreu da execução para tentar reduzir os juros.
"O Judiciário determinou pagamento de 50 salários mínimos e, com os juros e os honorários advocatícios, o valor chega a R$ 60 mil. Se ele [médico] conseguir diminuir os juros, o valor da indenização reduz um pouco, mas não muito", diz o advogado de Clotilde, Jorge Marcos de Souza.
Clotilde entrou com a ação em 2003 e disse que o médico gritou "cala a boca sua negra, ou te dou um tapão na boca e arrebento seus dentes".
De acordo com o processo, a frase foi dita após o médico esmurrar a porta do hospital e entrar aos gritos, em direção a funcionários, pela demora em atendê-lo. Dois trabalhadores do hospital, segundo ela, ouviram o bate-boca e conseguiram impedir o médico de agredi-la fisicamente.
"Ele levantou a valise para me agredir e os meninos entraram no meio e não deixaram", diz Clotide.
Ela conta que ficou tão nervosa no dia da discussão que a pressão arterial dela subiu para 18. "Eu fazia faculdade de enfermagem e não consegui ir para fazer uma prova. Nunca tinha passado por uma situação como essa na minha vida", diz.
Clotilde afirma que resolveu processar o médico para que ele não agrida verbalmente outras pessoas. "Eu quero que esta decisão da Justiça sirva para ele aprender a lição e respeitar a todos", diz a mulher.
Outro lado
O médico José Alves Lara Neto diz que foi vítima de armação. "Chamei a atenção sem nenhuma ameaça e fui viajar. Quando voltei, estava processado por racismo e depois virou injúria, mas não tenho como pagar este valor."
Ele diz que bateu na porta e falou alto com os funcionários da Santa Casa porque estava desesperado para atender uma emergência. "A paciente estava com insuficiência respiratória e, quando entrei, chamei a atenção, mas não fiz comentário racista porque a paciente que eu tentava socorrer era negra."
O advogado Antônio Sanches, que defende o médico, diz que tenta reverter o valor da indenização na Justiça.

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